Ausencia Justificada

Às vezes tenho a sensação que a vida corre tão depressa que quer mesmo é deixar-nos para trás. Cabe-nos a nós encontrarmo-nos. E depois de algumas semanas, com alterações significativas e muito rebuliço… Volto a escrever. Pronto voltei. Seguindo…

breve nota

Passei por vários blogs que eu passeava nos idos “anos de blogs” e notei que desde janeiro de 2016 várias pessoas publicaram algo… será que a época dos blogs vai voltar? Não precisa ser da mesma forma… mas gostava tanto que isso acontecesse… (suspiro!)

maldizer

Muitas pessoas passam a vida a dizer mal das pessoas, dos amigos, dos inimigos, dos conhecidos ou dos colegas. Dizem mal porque o acham mesmo ou muitas vezes até porque existe uma pontinha de inveja por ali… então a solução encontrada é… dizer mal!

Nunca gostei muito de me meter nesse tipo de conversa e, agora, compreendo-a cada vez menos. Todos nós somos humanos, complexos, com educações diferentes, com muitas pedras no caminho, com muitas lutas, vitórias e também derrotas. Todos nós lidamos de forma diferente com tudo isso…

Que “deuses” somos nós para podermos julgar alguém? Sabemos o que aquela pessoa passou até chegar ali? Sabemos o que ela pensa, o que ela sente naquele momento? Conhecemo-la realmente? Acredito que a resposta a todas estas questões é: Não! Então porquê julgar?

Acredito numa evolução pessoal (e espiritual?) que se baseia no “conhecermo-nos a nós mesmos”. Sabermos como somos, como reagimos em determinada situação, como pensamos, como sentimos… Saber tudo isso, vai ajudar-nos a reagirmos/ pensarmos/ sentirmos melhor numa próxima vez. E se todos conseguirmos ser melhor… então tudo seria tão melhor!

Que o mundo possa focar-se mais em si e menos “no outro”. Que possamos ser melhores pessoas… que assim damos menos azo a que falem de nós! Não, não sou nenhuma “santinha”, e claro que também dou por mim a pensar, falar, criticar… Todos erramos… E é isso mesmo, que devemos compreender!

 

Desigualdades gritantes

Há quase 4 anos vim viver para o Brasil. Aqui, vim fazer a vida de qualquer brasileiro. Primeiro morei num dos melhores bairros, depois mudei para um bairro mais periférico e mais residencial, mas com Universidade, hipermercados, shoppings, etc. Aqui ando de autocarro como todos, faço os horários de todos, compro onde todos compram, etc. E foi então que a minha visão de mundo mudou. Acredito que nós somos influenciados pelo mundo que nos rodeia… e mundo que agora eu conheço é bem maior que mundo que eu conhecia… e não são em nada semelhantes. Aqui as desigualdades sociais são gritantes… Sim, é verdade! E isso sente-se no dia a dia e em todos os momentos.
Mas o que impressiona mais é que, estudando um pouco, lendo, vendo indicadores e falando com as pessoas, entende-se que a vida das pessoas está muito melhor do que há 15 ou 20 anos. Antigamente numa época de seca como esta que vivemos há 4 anos aqui, milhares de pessoas sairiam de suas casas e viriam para a cidade pedir comida de porta em porta. Hoje não se vê isso (não confundir com as pessoas que são da cidade e vivem na rua), não existe a pobreza flutuante como dizem que antes existia.

A verdade é que as crianças estudam, os jovens de todas as classes têm acesso a estudar nas universidades porque não têm que ir trabalhar para ajudar os pais, e muitos deles ainda vão terminar o curso numa universidade na Europa (milhares de brasileiros fazem programas de intercambio patrocinado pelo governo Brasileiro em que o destino da maioria é, inclusivamente, Portugal).

Mas a diminuição dessas desigualdades tem provocado muita raiva e discórdia entre as classes média e alta. A verdade é que estes estão a ter que pagar mais para ter o mesmo nível de vida, privilégios ou conforto. Enquanto antes muita gente trabalhava quase por um prato de comida agora têm um salário e vários direitos que lhes garante a sobrevivência (de notar que no ano 2000 o salário mínimo era de R$ 151 reais, e hoje é de R$ 890).

Hoje houve, pelo país, marchas nas principais cidades contra o Governo e contra a Presidente Dilma. Fico triste quando os meios de comunicação internacionais generalizam como se os brasileiros quisessem tirar Dilma do Governo. O Brasil tem cerca de 200 milhões de pessoas em que a maioria delas melhorou substancialmente as condições de vida nos últimos 13 anos e não quer que o governo mude. Muitos defenderiam Lula e Dilma como a sua vida.

Para quem viu imagens das manifestações que fizeram noticia hoje pode constatar que eram pessoas essencialmente brancas, de classe média-alta e que não lutam contra a corrupção (até porque alguns lideres dos partidos de oposição estão muito mais envolvidos em processos que os visados), mas lutam contra um partido que criou leis e políticas que os prejudicou diretamente…

E se as nossas opiniões criam-se a partir do mundo que nos rodeia, então o mundo em que agora estou inserida, fez-me mudar de opinião em muitas coisas… E não dá como ter a mesma opinião aqui, que tenho em relação a Portugal… E fico triste com tudo o que se ouve, com tudo o que vejo… porque o Brasil é o país que tem tudo para ser realmente uma grande potência, mas enquanto existirem lutas contra os direitos básicos, a coisa fica complicada… E enquanto as pessoas continuarem a falar só por falar, sem discussão e reflexão… a coisa também não andará. Hoje não conseguia descansar sem desabafar sobre isto… Porque essencialmente hoje é, mais do que tudo, um dia triste.

9 anos e meio

Há 9 anos e meio que escrevi o meu primeiro post do meu primeiro blog. Nove anos e meio… quase que poderia ser o nome de um filme, mas não… é real. Tão real que o vivencio diariamente na minha vida. Não o blog e os posts, mas tudo em que a minha vida se transformou por, naquele dia, ter aberto um espaço na internet.  Hoje encontro-me do outro lado do oceano, com uma vida totalmente diferente e inesperada do que poderia imaginar em 2006… e sim, tudo isso deveu-se àquele espaço.

Se iniciei meio que por “vamos lá escrever umas coisas aqui”, rapidamente aprendi que poderia tirar muito mais de lá. Foram chegando pessoas, e outras pessoas e às tantas… tinha criado amigos e uma rede de conhecidos de alguma forma grande.

A coisa evoluiu:  Veio o FB e os posts meio que acabaram naturalmente. Mas sinto falta dos blogs. Não apenas daquele tempo em que passávamos horas a conversar na caixa de comentários (isso também!), mas de poder escrever algo e não o perder numa “linha do tempo” misturada com noticias, vídeos, imagens, etc. Talvez por isso goste tanto dos meus blocos de notas. Gosto de os poder desfolhar… Talvez por isso que gosto de blogs, porque posso ir, tarde da noite, reler algumas coisas… rir  e chorar com isso…. Talvez por isso, que tenha voltado a escrever… agora aqui…

blocos de notas

Tenho sempre por perto um bloco de notas. Acompanham-me diariamente. Nem sempre escrevo, mas sei que se eu quiser, estão ao ali comigo prontos para receberem as minhas anotações: Pensamentos, apontamentos, tudo o que eu quiser.

Talvez num momento em que a internet está a superar em muito o papel, faça sentido escrever aqui… Que faça sentido ter um lugar na internet onde possa escrever tudo aquilo o que eu quero escrever, mas que já nem sempre o faça.

Será que o farei? Sim, não… talvez! Para já ficam estas primeiras palavras, estas primeiras linhas… este primeiro post.

Aos leitores que poderão chegar desavisados por aqui quero deixar o meu aviso: estão a entrar num terreno privado, num lugar onde raramente alguém entrou e que muitas vezes é pantanoso. Entrem, fiquem ou não… Mas aqui mora alguém… e esse alguém sou simplesmente eu.